A Ética e o Administrador Financeiro

Consultor Rogério Cardoso

A ética é definida como no dicionário: [Do Lat. ETHICA < GR. ETHIKÉ.] S. F. Filos. 1; estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto; [CF. bem (1) e moral (1).]

A ética é essencial ao sistema capitalista, sendo uma relação básica do capitalismo, pois sustenta a confiança dos indivíduos nos contratos.

Sem ética os contratos perdem sentido e as informações não são distribuídas com isonomia e correção.

Sem ética não há capitalismo, e os valores – inclusive o valor econômico dos bens, são destruídos pela possibilidade de fraude/roubo, de assimetria informacional entre os agentes.

O que falta não é ditar às empresas o que fazer, mas sim ajudar o acionista a proteger melhor os próprios interesses: as fraudes contábeis e financeiras fizeram com que os investidores tornassem os ativos – via um processo de venda generalizado – bem mais baratos.

Perguntas como qual margem de lucro é legal e ética, qual é ilegal e representa roubo ainda precisam ser respondidas.

Segundo Octávio Ianni, Professor da Unicamp (Universidade de Campinas), “estamos diante de um problema estrutural do capitalismo”.

Quando relacionamos ética e salário, verificamos que as práticas modernas de remuneração profissional também precisam ser reexaminadas, pois em vez dos costumeiros salários, grande parte do pagamento de executivos passou a ser feita com base em resultados obtidos.

Seria esperar demais da natureza humana supor que as pessoas encarregadas de calcular os números das empresas não sentissem atraídas a melhorá-los, já que desses números depende a própria recompensa material.

As principais áreas e oportunidades para o administrador financeiro estão concentradas nas áreas de serviços financeiros, assessoria, bancos, corretoras, planejamento financeiro de pessoas e empresas. Também podem atuar na administração financeira de empresas com e sem fins lucrativos que apresentam grandes lucros.

Os objetivos de um administrador financeiro são maximizar o lucro das companhias e dos acionistas, preservar os interesses dos stakeholders: clientes, empregados, fornecedores, credores.

São atribuições do administrador financeiro:
– Atuação em decisões financeiras onde deve tomar decisões de curto prazo – gestão do capital de giro, decisões de longo prazo;
– Geração de valor;
– Planejamento, organização e controle financeiro da organização;
São responsabilidades do administrador financeiro:
– Decisões de financiamento para captação de recursos;
– Decisões de investimento como a aplicação dos levantados (ativos).

Estas decisões não podem ser tomadas de forma independente: uma decisão é influenciada de alguma forma pela outra.

Destacando a Tesouraria, ela tem as funções de:
– Gerenciar o orçamento de capital,
– Responsabilidade sobre o gerenciamento de caixa,
– Relacionamento com bancos comerciais e bancos de investimento,
– Gerenciamento de crédito,
– Distribuição de dividendos,
– A análise e planejamento financeiro,
– Manter as relações com investidores,
– Executar o gerenciamento de risco financeiro,
– Realizar a análise e planejamento tributário (aspecto financeiro).

A Controladoria é responsável pela contabilidade e gestão de custos, sistemas de informação, contabilidade geral, relatórios fiscais, realização de auditoria interna, preparação de orçamentos e revisões, além da análise e planejamento tributário (aspecto econômico).

Os relatórios contábeis utilizados para demonstrações financeiras são:
 BP: Balanço Patrimonial,
 DRE: Demonstração de Resultado de Exercício
 DMPL: Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido
 DOAR: Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

O Balanço Patrimonial especifica a situação econômico-financeira da empresa em um determinado momento: é uma “foto” da empresa.

Apresenta as contas mais representativas do Ativo (onde os recursos estão investidos na empresa – o que está em atividade) e do Passivo (origens, onde os recursos são obtidos).

As contas do Ativo são:
– Ativo Circulante: Bens e direitos que se realizarão em curto prazo (um ano ou Ciclo Operacional);
– Realizável a longo prazo: bens e direitos que se realizarão em longo prazo (mais de um ano);
– Ativo Permanente: bens e direitos que a empresa tem a intenção de ter propriedade permanentemente.

As contas do Passivo são:
– Passivo Circulante: obrigações exigíveis em curto prazo (um ano ou Ciclo Operacional);
– Exigível de longo prazo: obrigações exigíveis em longo prazo (mais de um ano);
– Patrimônio Líquido: obrigações não exigíveis (sócios).

O DMPL, sigla para Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido, apresenta as movimentações que elevam o Patrimônio Líquido (PL), movimentações que diminuem o PL, e movimentações que não afetam o PL.

O DOAR, sigla para Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, demonstra o fluxo de capital circulante líquido (CCL) ou capital de giro líquido (CGL), relatando a folga financeira de curto prazo em determinado período, além de explicar quais foram as origens e as aplicações que afetam o CCL/CGL.

Quanto aos índices financeiros, servem para:
– As medidas de liquidez dos investimentos,
– Medidas de gestão de ativos (giro),
– Medidas de rentabilidade.

Os índices são utilizados como principais instrumentos de análises através das técnicas de análise horizontal, análise vertical, indicadores econômico-financeiros, e comparações.

Durante a análise de balanços podemos verificar as seguintes limitações:
– Inflação e correção monetária no Balanço e na DRE;
– Classificação do Lucro Operacional;
– Contas a Receber/Pagar sem ajuste para o valor presente:
• Nem tudo o que está escrito é para ser levado à risca;
• Deve-se entender o negócio da empresa, os concorrentes, o ambiente econômico;
• Deve-se ler as notas explicativas etc.

Podemos destacar também as seguintes alavancagens:
 GAO – Alavancagem Operacional: representa o risco da operação em relação ao volume de produção. Duas empresas podem apresentar o mesmo lucro e terem diferentes GAO’s.
 GAF – Alavancagem Financeira: representa a capacidade que a empresa tem em gerar resultados com a utilização de recursos de terceiros. Permite a avaliação do impacto do Imposto de Renda.
 GAT – Alavancagem Total: representa um indicativo de variação no Lucro Líquido para cada variação no volume de atividade.

Os indicadores de liquidez permitem estabelecer o equilíbrio financeiro e volume de CCL, indicando o casamento e ou descasamento entre ativos e passivos, a segmentação do Ativo
Circulante, destacar a estrutura equilibrada de financiamento, e estabelecer uma correlação entre rentabilidade e liquidez.

Os indicadores de Ciclo Operacional representam as fases operacionais existentes internamente nas empresas, tendo como fase inicial a compra de matéria-prima e termina quando do recebimento das vendas.

A Gestão do Valor está baseada no estudo do Ativo Permanente: investimento, imobilizado e diferido.

Estabelece-se indicadores de desempenho do imobilizado o nível de automação, medindo a relação entre gastos em mão de obra e tecnologia, além de riscos de greve, salários, inflação e questões trabalhistas – mede o risco operacional.

A Controladoria deve controlar a organização através de indicadores financeiros, operacionais, estratégicos, e de auditorias interna e externa. Para comentar a importância da Controladoria, citou os casos das empresas ENRON e WORLDCOM, que entraram em concordata e provocaram prejuízos de Bilhões de Dólares.

Podemos citar também a CVM – Comissão de Valores Mobiliários, que tem a função de atuar na fiscalização de empresas, intermediários financeiros, investidores e demais segmentos que giram na órbita do mercado de valores mobiliários.

Os objetivos da CVM são:
 Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda,
 Oferta ou preço de valores mobiliários,
 Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários,
 Assegurar o funcionamento eficiente,
 Regular dos mercados de Bolsa de Valores e de Balcão,
 Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares:
• Atos ilegais de administradores de companhias,
• Atos ilegais de controladores de companhias,
• Atos ilegais de administradores de carteira de valores mobiliários, e assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre quem os tenha emitido.
As funções da CVM são de fiscalizar, regulamentar, registrar, consultiva e de fomento, atuando no:
– Mercado secundário de ações (Bolsa de Valores – BOVESPA e Bolsas regionais, mercado de balcão organizado (SOMA) e mercado de Balcão Não-Organizado),
– Mercados de liquidação futura (opções e termos de ações e opções sobre índice de ações: bolsas de valores e mercado de balcão organizado),
– Mercado futuro de índice de ações (IBOVESPA – Bolsa de Futuros – BM&F).

Quanto à Governança Corporativa, podemos definir como sendo o esforço contínuo de controladores, executivos e acionistas minoritários no sentido de obter melhor alinhamento de interesses possível.

As condições mínimas para o estabelecimento da Governança Corporativa, assim como sua principal condição é a transparência das informações.

Dentro dessa perspectiva, concluímos que:
 Sem ética, não há capitalismo;
 As pessoas passam – ficam os balanços;
 A Gestão financeira “criativa” = fraude;
 Para ser um cidadão pensante, que sabe avaliar as circunstâncias e posicionar-se, ser consciente e crítico e que sabe criar e recriar conceitos é primordial ser ético e aplicar os preceitos da Governança Corporativa;
 Para ser um gestor de organizações com perfil empreendedor, apto a atuar em um ambiente dinâmico e globalizado, é primordial ser ético e aplicar os preceitos da Governança Corporativa;